Entre Abelhas
Gênero: Drama
Comentar sobre filmes nacionais pode parecer um pouco mais complicado. É evidente
que a expectativa do público para assistir a uma produção nacional é sempre maior.
Muitas pessoas estão cansadas daquelas histórias repetitivas das novelas, então
todo longa e curta metragem que apresente uma ideia distinta desperta
claramente o interesse dos espectadores. A
única precaução que tem que ser tomada é não analisar um longa nacional
nos mesmos parâmetros das novelas, pois isto pode dificultar a notação de
alguns detalhes que passam despercebidos , visto que essas possuem uma grande oscilação
de ritmo e transformação da trama, deixando os erros de coesão quase inexistentes.
Se a intenção é dar boas gargalhadas por ser um filme protagonizado pelo
querido e engraçado Fabio Porchat, receio dizer que isto não acontecerá neste
filme.
Desde o início até o fim, o longa faz jus ao gênero que está inserido:
DRAMA!!..Sim, “Entre Abelhas” é extremamente dramático, por conta de a trama
central ser o triste caso de Bruno(Fabio
Porchat), ir deixando de enxergar as
pessoas. Um tema muito bem escolhido para se trabalhar, abrindo um leque no
qual é tranquilamente possível traçar inúmeras histórias a partir desta ideia,
além de ser um assunto diferenciado comparando-o com os últimos longas
nacionais.
A narrativa começa com uma breve apresentação dos personagens, do tempo
e espaço, somente depois disso o então núcleo principal do filme começa a dar
as caras de forma gradativa, não deixando praticamente nenhum rastro de
informação que explicasse o fato das pessoas estarem desaparecendo para o
Bruno.
Muitas
pessoas acham que isto possa ser alguma falha do diretor ou uma má atuação do
protagonista, mas na verdade essa
escassez de informação é proposital, justamente para que ocorra uma ponte entre
as emoções do personagem e a observação do telespectador, como se virtualmente
nós fizéssemos parte da cena e pudéssemos sentir o que se passa na mente do
protagonista. Esta técnica é incrível, pois prende mais a atenção e torna mais fácil
o entendimento da mensagem que o diretor quer passar.
O inicio do filme com certeza mostrou ter uma base bem fortificada para
que o enredo pudesse dar uma sequencia boa, entretanto, nesse ilustre “mar de
rosas” havia mais espinhos do que pétalas e toda aquela proposta de ser uma
obra diferenciada do estilo “novelístico” foi por água abaixo e assim como a
maioria dos longas nacionais da atualidade, sustentou-se novamente no excesso
de palavrões e alívios cômicos tão exaltados que chegam a ser um desvio de foco
narrativo ao invés de apenas uma quebra de um ritmo de muita tensão.
Qualquer pessoa, por mais calma que seja, estaria plenamente preocupada
consigo mesma ao saber que magicamente você para de enxergar as pessoas. As maneiras
com que Bruno convive com seu misterioso problema e procura de resposta são pacificas
demais e um tanto preguiçosa, mais uma vez sobrando para a mãe dele (Irene Ravanche) essa tarefa de busca.
Não
considero a atuação de Porchat ruim, porém ela não mostrou a importância e a
imagem que um verdadeiro protagonista deve ter, sendo apenas um personagem mantendo
o mesmo nível de relevância que os atores coadjuvantes, porém com uma maior
presença nas sequencias de filmagem.
Outro erro berrante foi o
crescimento anormal de uma trama adjacente a principal, colocada apenas a fim
de explicar parte do passado de Bruno. A trama consistia nos problemas de
relacionamento entre ele e sua ex- mulher, fato que não agregou em nada que se
diz respeito aos desaparecimentos inexplicáveis. Só deixou o enredo ainda mais
confuso, não sabendo se o filme era sobre desaparecimentos de pessoas ou reconquistas
amorosas.
Aproximando-se do clímax, o enredo até
cria um ar mais ascendente em cenas de choques emocionais relativamente boas, contudo
o desfecho sacramenta a prova de que, realmente o desenvolvimento da trama foi
inferior à genialidade da história, causando o seu próprio desmoronamento.
Sou um grande fã do Fabio Porchat e
de todos os atores colaboradores com o longa, mas sinto dizer que vez “Entre
Abelhas” deixou a desejar.
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