Entre Abelhas


Gênero: Drama
Lançamento: 30/Abril/2015 (Brasil)


   Comentar sobre filmes nacionais pode parecer um pouco mais complicado. É evidente que a expectativa do público para assistir a uma produção nacional é sempre maior. Muitas pessoas estão cansadas daquelas histórias repetitivas das novelas, então todo longa e curta metragem que apresente uma ideia distinta desperta claramente o interesse dos espectadores. A  única precaução que tem que ser tomada é não analisar um longa nacional nos mesmos parâmetros das novelas, pois isto pode dificultar a notação de alguns detalhes que passam despercebidos , visto que essas possuem uma grande oscilação de ritmo e transformação da trama, deixando os erros de coesão quase inexistentes.

   Se a intenção é dar boas gargalhadas por ser um filme protagonizado pelo querido e engraçado Fabio Porchat, receio dizer que isto não acontecerá neste filme. 

    Desde o início até o fim, o longa faz jus ao gênero que está inserido: DRAMA!!..Sim, “Entre Abelhas” é extremamente dramático, por conta de a trama central ser o triste caso de Bruno(Fabio Porchat), ir deixando de  enxergar as pessoas. Um tema muito bem escolhido para se trabalhar, abrindo um leque no qual é tranquilamente possível traçar inúmeras histórias a partir desta ideia, além de ser um assunto diferenciado comparando-o com os últimos longas nacionais.

    A narrativa começa com uma breve apresentação dos personagens, do tempo e espaço, somente depois disso o então núcleo principal do filme começa a dar as caras de forma gradativa, não deixando praticamente nenhum rastro de informação que explicasse o fato das pessoas estarem desaparecendo para o Bruno.

    Muitas pessoas acham que isto possa ser alguma falha do diretor ou uma má atuação do protagonista, mas na verdade  essa escassez de informação é proposital, justamente para que ocorra uma ponte entre as emoções do personagem e a observação do telespectador, como se virtualmente nós fizéssemos parte da cena e pudéssemos sentir o que se passa na mente do protagonista. Esta técnica é incrível, pois prende mais a atenção e torna mais fácil o entendimento da mensagem que o diretor quer passar.

   O inicio do filme com certeza mostrou ter uma base bem fortificada para que o enredo pudesse dar uma sequencia boa, entretanto, nesse ilustre “mar de rosas” havia mais espinhos do que pétalas e toda aquela proposta de ser uma obra diferenciada do estilo “novelístico” foi por água abaixo e assim como a maioria dos longas nacionais da atualidade, sustentou-se novamente no excesso de palavrões e alívios cômicos tão exaltados que chegam a ser um desvio de foco narrativo ao invés de apenas uma quebra de um ritmo de muita tensão.

   Qualquer pessoa, por mais calma que seja, estaria plenamente preocupada consigo mesma ao saber que magicamente você para de enxergar as pessoas. As maneiras com que Bruno convive com seu misterioso problema e procura de resposta são pacificas demais e um tanto preguiçosa, mais uma vez sobrando para a mãe dele (Irene Ravanche) essa tarefa de busca.


    Não considero a atuação de Porchat ruim, porém ela não mostrou a importância e a imagem que um verdadeiro protagonista deve ter, sendo apenas um personagem mantendo o mesmo nível de relevância que os atores coadjuvantes, porém com uma maior presença nas sequencias de filmagem.

   Outro erro berrante foi o crescimento anormal de uma trama adjacente a principal, colocada apenas a fim de explicar parte do passado de Bruno. A trama consistia nos problemas de relacionamento entre ele e sua ex- mulher, fato que não agregou em nada que se diz respeito aos desaparecimentos inexplicáveis. Só deixou o enredo ainda mais confuso, não sabendo se o filme era sobre desaparecimentos de pessoas ou reconquistas amorosas.

   Aproximando-se do clímax, o enredo até cria um ar mais ascendente em cenas de choques emocionais relativamente boas, contudo o desfecho sacramenta a prova de que, realmente o desenvolvimento da trama foi inferior à genialidade da história, causando o seu próprio desmoronamento.
Sou um grande fã do Fabio Porchat e de todos os atores colaboradores com o longa, mas sinto dizer que vez “Entre Abelhas” deixou a desejar.



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