Golpe Duplo

(Focus).

Gênero: Drama investigativo.

Lançamento: 27/Fevereiro/2015 (EUA).

    Um filme realmente de desviar o foco!

   Uma salva de palmas a produtora Denise Di Novi, por ter conseguido dar vida a uma ótima obra, nascida de uma ideia simples e inédita. 

   É válido notar que boa parte deste êxito também fora causado pelo bom trabalho dos diretore e roteirista Glenn Ficarra e John Requa, os quais souberam conduzir um bom ritmo ao filme.

   Apesar desse Edgy proposto por Denise ter sido um sucesso, nem tudo pode ser perfeito e assim como muitos o longa também apresentou algumas falhas, começando pela tradução mal feita do título americano “Focus” para o titulo brasileiro “Golpe Duplo”, em contra partida esses erros possuíram uma intensidade sutil em vista a boa atuação de Will Smith e de Rodrigo Santoro.

   A narrativa conta a história de Nicky Spurgeon (Will Smith), um vigarista profissional líder de uma equipe de “batedores de carteiras” que têm como objetivo realizar pequenos roubos em locais públicos, não se concentrando muito em grandes trapaças milionárias por serem, segundo ele, golpes muito arriscados.

   Logo no início do enredo o nosso protagonista possui um encontro inusitado com a jovem Jess Barrett (Margot Robbie). Em uma tentativa de passar a perna em Nicky, a jovem acaba sendo descoberta e rotulada de amadora.

   A partir daí as cenas começam a ficar incoerentes, Jess insiste para que Nicky a ensine a grande arte do furto e da trapaça (como se fosse extremamente coerente um ladrão de alto calão ser persuadido infantilmente por uma mulher que implora em ser sua “aluna” no mundo do crime). Creio que a interpretação de Margot não foi ruim, o seu papel que continha temperamentos estranhos.

  Após este deslize inicial, o filme rapidamente mascara a situação, no momento em que a equipe de Nicky entra em cena pela primeira vez.

   Em meio a uma sequencia de furtos bem calculados frente a uma população mostra com clareza a maneira que estes tipos de façanhas acontecem. A sequência de cenas realmente é de cair o queixo.

   O pacing do enredo começa a tomar um bom rumo para que a história se desenrole de maneira lógica, entretanto o quest demorou muito para surgir, ou seja, grande parte do filme se resume a apresentação do caráter e dos desejos dos personagens. Isto não significa uma falha de roteiro, visto que este tipo explicação detalhada ajuda muito ao espectador compreender os tipos de pessoas inseridas na trama, desde que “esta trama” também possua uma apresentação, nem que seja paralela, mas com a mesma rapidez em que os personagens são descritos , não esperando o longa ultrapassar a metade da exposição.

   Esta demora cria várias perguntas na mente do público, como por exemplo:

“Ok! Já entendi a maneira que os personagens se comportam e até estou me divertindo com algumas cenas, mas...qual a trama do filme? É só isso?. Tá já entendi, e agora ?”    

   Felizmente a inércia prevalece até a entrada de Rodrigo Santoro na pele de Garriga, um milionário patrocinador de uma escuderia de fórmula 1.

   Garriga decide contratar Nicky para sabotar as equipes adversárias.

   Agora não estamos mais falando de enganar pessoas para roubar colares, relógios ou carteiras e sim de enganar fornecedores, empresários, engenheiros, enfim... Equipes completas de um dos esportes que envolvem mais dinheiro no mundo. As corridas.

  A partir daí o enredo ganha afinal um sincronismo, tornando-se mais excitante a cada minuto rodado. Dentre estes acontecimentos está o nascimento de um espírito antagonista dentro do próprio Nicky, fazendo sua maior batalha ser entre seus sentimentos e suas ambições, fazendo-o tomar certas decisões que poderão favorecê-lo ou prejudica-lo.

  A presença de um excelente clímax e um emocionante reveal encerra a jornada de maneira respeitosa e merecedora de meus aplausos. 

   Não sei se “Golpe Duplo” é merecedor do titulo de extraordinário, porém o  que parecia um filme de investigação com expectativas medianas, mostrou ser um dos longas mais originais do ano de 2015.